Thursday, March 15, 2007

XII

Já no mundo dos sonhos, a dor e o cansaço haviam desaparecido.
Então, num súbito ele despertou.
Quando mais uma pedra caiu. Dessa vez em cima de seu braço
Um grito estridente de dor quase lhe arrebentou a garganta. Por pouco não desmaiou.
O ar lhe faltou por várias vezes. Não havia sequer forças para chorar.

A pedra lhe cobria até o cotovelo. Era pesada demais para que ele a erguesse. E ele não tinha forças para tal ação. Era quase certo que estivesse quebrado, tanto pelo tamanho quanto pela queda.

Vertigens lhe tomavam os olhos, e a faziam sua cabeça girar.
Tudo passou a tremular.
Vozes pareciam entrar pelos seus ouvidos. Sentia-se cercado por todos os lados.
A dor o cegava, o emudecia, o ensurdecia.
Só conseguia gemer, e com muito esforço.

O fogo ficou mais intenso. A dor começava a se estabilizar. A lucidez voltava aos poucos, como pingos d’água.

Ele voltou a ouvir apenas o sibilar do vento. O braço latejava.
Então, o som de passos se aproximando o assustou.
Olhou com certo desespero. Os olhos avermelhados de terror estavam ofuscados.

Era a estranha figura que antes havia encontrado. De capa, chapéu e botas pretas, ele se aproximou lentamente. Ficou observando o homem deitado, com ferimentos pelo corpo, e preso a uma pedra – que tinha quase metade do seu tamanho.

O jovem não tinha mais forças, e rezou para morrer. Exausto, tudo o que ele conseguia enxergar era a imagem desfocada dum homem que inspirava terror. E esse, apenas lhe rodeava. Observando. Andando dum lado para o outro. Num ritmo irritante.
Então, ele parou diante da pedra, abaixou-se e a abraçou contra o peito. Ergueu-a e em seguida a largou ao lado, sem nenhuma delicadeza.

Voltou-se ao rapaz, semidesfalecido. Agarrou-o bruscamente pelo ombro da camisa grosseira e o arrastou corredor adentro.

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