Friday, March 09, 2007

IX

Caminhou pelo corredor horizontal que apresentava cada uma das entradas. Não era possível ver o final de nenhum dos caminhos: ou eram muito longos, ou se dobravam em outro caminho.
Sem nenhuma grande idéia, conferiu seu destino à aleatoriedade.
Entrou num corredor qualquer. Todos eram tão parecidos, que não viu distinção alguma entre as passagens.

Apenas uma tênue luz iluminava o corredor escolhido, o que para ele não fez grande diferença.
Andou por horas com a desagradável impressão de estar sendo seguido, mas sem coragem de olhar para trás.
O corredor se dobrava em muitas curvas, sem nenhuma mudança de cenário: jardineiras flamejantes há alguns palmos do chão e os altos muros cobertos de folhas.
Caminhando, agora quase que sem preocupações, percebeu que o caminhou começava a ficar mais estreito. Era com se os muros o pressionassem. Chegou ao ponto de ter que caminhar com o corpo de lado, pois se fosse normalmente se queimaria.

Então se deparou com uma portinha simples de madeira, com uma argola de ferro presa no centro.
Puxou, mas não conseguiu abri-la por completo, não havia espaço para isso. Observou o interior, e viu escuridão. Olhando mais atentamente, viu que havia uma saída do outro lado. Mas a julgar pelo tamanho da porta, o caminho deveria ser estreito demais até para que uma criança atravessasse.
As noites costumavam serem sempre frias ali, mas dentro desses muros eram estranhamente quentes. E agora, esquentava cada vez mais.
O estreito caminho começou a se iluminar. Ele achou estranho, e ao olhar pra trás, viu que o corredor pegava fogo. Chamas da altura dos muros avançavam em sua direção.
O desespero lhe tomou conta e caso quisesse viver só havia um caminho.

Com os pés forçou a pequena porta, tentando abri-la o bastante para que ele entrasse. Quebrou-a com chutes, deitou e começou a se arrastar. Era realmente muito estreito. As paredes lhe pressionavam o corpo inteiro, como se o fossem esmagar. Logo, o fogo já havia chego à porta. O calor era insuportável e se arrastar por ali era duma dificuldade tremenda.

Mas não desistiu, pois nem poderia. Não estava nos seus planos morrer ali naquele estreito túnel. O fogo já começava a invadir a passagem. Sentiu seus pés ficando perto das chamas. Cravou as unhas no vão das pedras e se arrastou, como um aleijado que só pode se mover com os braços.
Gritando para buscar forças e também de dor - o fogo já queimava seus pés - ele conseguiu avançar mais rapidamente. Porém não tão rápido quanto o fogo, que já estava quase em seus joelhos e não havia de parar por ali.

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