Monday, March 12, 2007

X

Forçando sua saída com todas as forças, cravando os dedos no vão das pedras, parecia que até os ossos iriam encostar-se às paredes.
Contorcendo-se como um enterrado vivo finalmente conseguiu chegar ao outro lado, com as pernas machucadas e as mãos esfoladas. Alguns dedos sem unhas e muito sangue.

Sequer levantou do chão, pois não havia mais forças. Gemendo e chorando de dor, rasgou as pernas das calças para aliviar a dor.
Olhou para o buraco, e não conseguiu acreditar que passou por uma passagem tão estreita. E quando se deu conta, não havia mais fogo ali dentro e nem do outro lado. Tudo já havia retornado ao clima noturno de outrora.

Pôs-se de pé, com dificuldade, e continuou em frente. Um outro corredor com curvas, jardineiras e muros altos. Sempre o mesmo cenário naquele lugar. Nada se alterava. Ele não fazia idéia de onde estava ou para onde estava indo. Apenas avançava.

Ainda com a sensação de estar sendo vigiado por outros olhos, virou-se bruscamente, e então deu de cara com uma estranha figura.
Num grito instintivo pulou para trás e caiu. Desesperado, com o coração parecendo explodir em seu peito, não conseguiu ter nenhuma outra reação.
Tentou gritar, mas sua voz não saia. Tentou correr, mas seu corpo não o obedecia.

A estranha figura de longo manto preto, botas de couro e chapéu escuro o agarrou com as mãos pela camisa e puxou para si. Era um homem alto, de aparência velha e cabelos acinzentados. A pele maltratada pelo tempo e a rugas tornavam seu rosto agressivo.

Mal conseguindo respirar o jovem rapaz apenas fitou seus olhos, com medo.
O velho senhor apenas o olhou fundo nos olhos.

Largou-o bruscamente no chão e caminhou para uma direção qualquer, sumindo numa das passagens. O jovem se ergueu depois de alguém tempo e foi-lhe atrás, cautelosamente.
Ele poderia ser a saída daquele lugar.
Mas ao fazer o mesmo caminho que ele, não havia mais a passagem na qual o estranho homem havia entrado. Agora havia apenas uma parede.

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